Como formalizar o trabalho como criador de conteúdo? GUIA COMPLETO
Dados da última edição da pesquisa “Creators e Negócios”realizada pela Brunch em parceria com a Youpix revelam que 1 em cada 5 criadores brasileiros trabalham na informalidade. Historicamente, os mercados informais levam mais tempo para se desenvolver e se profissionalizar e por isso, se você é um criador de conteúdo que busca profissionalizar seu trabalho e construir uma estrutura sólida para o seu negócio, abrir uma empresa é um passo estratégico.
A FGV, em pesquisa encomendada pela Hotmart, identificou que criadores formalizados faturam o dobro. O DOBRO. A formalização não apenas aumenta a credibilidade diante de marcas e parceiros, mas também oferece vantagens como acesso a benefícios fiscais e maior organização financeira. Para ajudá-lo nesse processo, preparamos um guia completo e prático com tudo o que você precisa saber para dar início à sua jornada empresarial.
1. Escolha o tipo de empresa e abra o CNPJ adequado
O primeiro passo para formalizar seu trabalho é abrir um CNPJ. Como criador de conteúdo, a opção mais comum e vantajosa é a MEI (Microempreendedor Individual), caso sua receita anual não ultrapasse R$ 81 mil. Porém, se você prevê faturamentos superiores a esse limite ou pretende contratar mais de um funcionário, pode considerar abrir uma ME (Microempresa).
Principais tipos de empresa para criadores de conteúdo:
MEI: Ideal para quem está começando. Simplificado e com carga tributária reduzida.
ME: Para quem espera crescer rapidamente ou já ultrapassa o limite do MEI.
LTDA: Opções mais robustas, especialmente para parcerias maiores ou atuação em múltiplas frentes.
2. Escolha o CNAE correto
O CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) define a natureza das atividades que sua empresa realizará. Para criadores de conteúdo, alguns códigos mais comuns incluem:
73.19-0/01: Serviços de publicidade, como campanhas em redes sociais.
90.01-9/02: Atividades de produção teatral, musical e outras apresentações.
59.11-1/01: Produção de vídeos para mídias digitais.
7312-2/00: Agenciamento de espaços para publicidade.
Escolher o CNAE correto é essencial para evitar problemas fiscais no futuro. Ah! E dependendo das atividades que você realiza, pode ser necessário incluir mais de um CNAE no cadastro.
3. Inscrição estadual e municipal
A depender do estado e da cidade onde você atuará, pode ser necessário solicitar uma inscrição estadual (para atividades que envolvem comércio de produtos) ou inscrição municipal (para prestação de serviços).
Inscrição Estadual: Necessária caso você comercialize produtos, como livros, roupas ou produtos digitais.
Inscrição Municipal: Requerida para serviços como consultorias, produção de conteúdo ou palestras.
Procure a Secretaria da Fazenda do seu estado e a Prefeitura de sua cidade para verificar as exigências locais.
4. Tenha um endereço fiscal
Um endereço fiscal é obrigatório para o registro de uma empresa. Ele será utilizado para correspondências oficiais e fiscais, bem como para a emissão de notas fiscais. Caso você não possua um espaço comercial, pode utilizar:
O endereço da sua residência, se permitido pela legislação local.
Um escritório virtual, que fornece um endereço comercial por meio de serviços de coworking.
Certifique-se de que o endereço está regularizado e pode ser usado para fins fiscais.
5. Abra uma conta bancária empresarial
Separar as finanças pessoais das finanças da empresa é essencial. Para isso, abra uma conta bancária empresarial em nome da sua empresa. A conta facilita:
A emissão de boletos e transferências bancárias.
O pagamento de tributos.
A gestão financeira e contábil do seu negócio.
Escolha um banco que ofereça serviços adequados às suas necessidades, como tarifas competitivas e integração com plataformas de gestão financeira.
6. Emita notas fiscais
Com o CNPJ registrado, você deverá emitir notas fiscais para todas as transações realizadas. Isso é fundamental para comprovar sua receita, evitar problemas legais e manter a transparência com seus clientes.
Se você é MEI, pode emitir notas fiscais diretamente pelo sistema da Prefeitura da sua cidade.
Para empresas ME ou LTDA, pode ser necessário contratar um sistema de emissão de notas fiscais eletrônicas (NF-e).
7. Registre sua empresa na Previdência Social
Mesmo como empreendedor, é importante estar registrado na Previdência Social para garantir benefícios como aposentadoria, licença-maternidade e auxílio-doença. Se você for MEI, a contribuição já está incluída no DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). Para outros tipos de empresas, será necessário fazer contribuições mensais específicas.
8. Considere contratar um contador
Por mais simples que pareça o processo de formalização, ter um contador pode facilitar muito sua jornada. Um contador pode ajudar você a:
Escolher o tipo de empresa e regime tributário adequado.
Gerenciar a emissão de notas fiscais e o pagamento de tributos.
Garantir que sua empresa esteja em conformidade com a legislação.
Formalizar seu trabalho como criador de conteúdo é mais do que um passo burocrático; é uma maneira de mostrar profissionalismo e comprometimento com seu negócio. Ao estruturar sua empresa, você abre portas para oportunidades mais robustas, amplia sua credibilidade e fortalece sua presença no mercado.
Embora o processo possa parecer desafiador à primeira vista, seguir esses passos permitirá que você trabalhe de forma segura, organizada e pronta para crescer. Lembre-se: investir na formalização hoje é uma forma de garantir estabilidade e sucesso no futuro.
Seu conteúdo merece ser tratado como o negócio sério que ele é.