Guia de requalificação do profissional de influência
Hora de avaliar o que você sabe fazer e, principalmente, o que precisa aprender para seguir em frente
Hey, você que trabalha em agência de marketing de influência! Esse texto é para você que está diante de uma encruzilhada profissional: Não basta mais saber “quem engaja mais” ou “quanto custa um publi com x views”. Se antes bastava coordenar o briefing, negociar valores e acompanhar entregas, agora a lógica mudou e quem não mudar com ela, ficará para trás.
Por isso, esse texto é um guia de requalificação dividido em três partes estratégicas: o planejamento, a seleção e a gestão da campanha. Aqui apresentaremos o que você precisa abandonar e o que você precisa aprender, além de oferecer um gostinho de futuros possíveis, diante das mudanças estruturais que estamos passando no mercado.
Primeira área de requalificação: Planejamento
É tentador continuar fazendo o básico: briefing entra, creators saem, orçamento encaixa, tudo certo. Só que essa não é mais a receita que garante longevidade na profissão de nenhum planner. Se a IA vai assumir as tarefas operacionais, o que sobra para você é justamente o que ela ainda não faz: pensar.
Sua requalificação passa por aprender a montar planos de influência conectados com branding, funil de reputação, objetivos de negócio e dados de comportamento. É você quem precisa explicar, com profundidade, por que a influência está no plano, onde ela atua na jornada, o que ela entrega além da view.
Abandone a ideia de que “influência é só awareness” e comece a trabalhar com conceitos como consideração, conversão simbólica e autoridade social. Aprenda a conversar com áreas de dados, PR, branding, produto e reputação. Além disso, estude estratégia, branding, comportamento do consumidor e funil de reputação. Ou então, se acomode no banco dos que vão ser substituídos por um plano automático gerado por IA.
Segunda área de requalificação: Seleção de influenciadores
Esqueça o jeito como você vem fazendo seleção de influenciadores para os anunciantes. Aquela mensagem no grupo de agentes perguntando “quem tem para indicar”, ou aquela planilha desatualizada que você usa como referência de perfis há anos.
Das ferramentas mais simples às mais sofisticadas, qualquer PaaS hoje entrega isso em segundos a 1/10 do valor da sua hora de trabalho. Por isso, sua requalificação passa por entender por que esse criador que você está colocando na seleção, mobiliza atenção e em que contexto ele se insere.
Suas novas skills devem te ajudar a saber ler sinais culturais, tendências, debates sociais. Você precisa ser capaz de compreender (sem IA) as intersecções identitárias e o risco de alinhamento incoerente com marcas. Ser um tradutor do que está acontecendo nas margens para dentro da empresa.
Aqui vale estudar antropologia do consumo e formação de movimentos sociais e culturais para que você desloque sua habilidade de preenchedor de documento para curador de culturas.
Terceira área de requalificação: Gestão de campanhas
Agora que você selecionou bem os criadores e desenhou o plano, é hora de “servir o prato”. E aqui, acredite, é onde mais vemos gente tropeçando. Não é só acompanhar a entrega, mandar print de story ou pedir alteração no texto aprovado. Gestão de campanha é gestão de relacionamento, reputação e construção de valor.
Você precisa saber traduzir expectativas e limites entre marca e criador, gerenciar conflitos com empatia e firmeza para proteger a relação. Por isso, abandone o papel de executor e abrace o de orquestrador. Você não é um garçom que leva o pedido, Você é o maître, aquele que garante que a experiência seja fluida, coerente, encantadora e bem finalizada. Você é quem ouve o que foi dito à mesa, entende o que ficou nas entrelinhas e ajusta o “cardápio” para a próxima vez.
Estude relacionamento com stakeholders, métricas de reputação, construção de storytelling com dados e soft skills como escuta ativa do cliente, mediação e negociação.
O mercado mudou e ainda vai mudar muito. Continuar operando no modo automático, esperando o briefing chegar, copiando e colando soluções de ontem, é o caminho mais curto para a irrelevância.
Este guia não é um aviso de fim, mas quer acender alertas. É hora de parar de tratar o marketing de influência como se fosse uma praça de alimentação e começar a enxergar como o que ele realmente é: uma cozinha estratégica, que alimenta reputação, constrói vínculos e transforma marcas em presenças confiáveis na vida das pessoas.