Você cria cultura. Mas sua empresa está pronta para ser reconhecida assim?
Cultura não é só o que está na TV. Produção cultural também é feita com celular, ring light e voz na internet.
Este texto é uma colaboração Brunch com a API - Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual.
Nos dois primeiros textos desta trilha, falamos sobre aproximação entre creator economy e audiovisual, e sobre como a regulação de um setor não nasce do nada.
Ela é construída por organização coletiva, pressão política e vontade de existir como categoria. Mas se queremos que criadores sejam vistos como parte da indústria cultural brasileira, não basta só pedir reconhecimento.
Muitos criadores se identificam como empreendedores criativos, mas mantêm suas empresas estruturadas como prestadoras de serviço genérico, com códigos de atividade que não dizem nada sobre cultura, conteúdo ou audiovisual.
Se criadores são catalisadores da cultura, por que a estrutura da sua empresa ainda não acompanha esse reconhecimento?
Por que isso começa na estrutura.
Se você quer acessar um edital público, participar de uma coprodução com um canal, captar um projeto via lei de incentivo ou até mesmo atuar como produtora independente, sua empresa precisa estar pronta para isso.
E hoje, na maioria dos casos, as empresas dos criadores não estão.
Não estamos falando de virar uma grande produtora.
Estamos falando de entender que ser criador é mais do que produzir conteúdo: é operar como agente cultural. E que isso exige estrutura mínima, responsabilidade jurídica e um posicionamento empresarial condizente com o tipo de impacto que você gera.
Mas o criador pode ser uma empresa cultural?
Pode e deve.
A diferença está na forma como você se posiciona no mercado, do serviço que presta às das brigas que compra. A cultura é um direito. Mas também é uma indústria que você faz parte.
E se a creator economy quer ocupar esse lugar com legitimidade, precisa começar a usar os códigos certos: fiscais, jurídicos, simbólicos e políticos. Isso inclui ter CNAE compatível com produção de conteúdo audiovisual e atividades culturais.
Aqui vai a lista de atividades para você estudar e incluir no seu contrato social.
E também incluir cultura como parte do objeto social da empresa. Sim, não é só colocar os CNAEs. O objeto social da sua empresa é essencial para esse posicionamento.
“As empresas devem possuir em seus contratos sociais a definição clara do que elas fazem. E empresas que produzem conteúdo audiovisual são empresas produtoras. E essa atividade deve não apenas constar no contrato social. Também é necessário que a empresa esteja devidamente cadastrada na receita, com o CNAE correto, e precisa ter seu registro atualizado na ANCINE. Atuar no mercado de produção audiovisual é também seguir uma série de regras e normas que valem para todas as empresas.”
Tiago de Aragão, diretor centro-oeste da API
Quando você estrutura sua empresa com esse olhar, abre novas portas para editais de fomento municipal, estadual e federal e também, participação em fundos e chamadas para temas associados ao seu negócio. E isso só acontece porque estrutura e reconhecimento significam mais que monetização. Significa longevidade, relevância institucional e impacto ampliado.
Na Brunch, a gente acredita que creators são sim protagonistas da cultura digital brasileira. Mas pra isso virar política pública, precisa virar prática empresarial também. E a API, como associação que representa produtoras independentes de todo o Brasil, está ao lado de quem quer cruzar essa ponte.
"Um criador de conteúdo que não se entende como agente cultural é como agricultor que não se vê como produtor de alimento. Quando você produz conteúdo, você não está só fazendo entretenimento, você está educando, influenciando e moldando a maneira como as pessoas veem o mundo.
Essa responsabilidade cultural precisa vir acompanhada de uma responsabilidade jurídica e cada vez mais de uma estrutura mínima para dar conta de todos os impactos sociais e econômicos que uma produção cultural gera."
MM Izidoro, Vice-Presidente de Culturas Brasileiras da diana
Essa conversa não acaba aqui.
Vamos organizar um encontro para falar de políticas públicas.
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